domingo, 28 de fevereiro de 2016

Você sente seu coração batendo? 
Quando a noite calma 
Se deita sob os terraços dos prédios 
Que circundam seu generoso karma
Você sente o vazio explodindo? 
Rapidamente abraçando a saudade petulante e refinada 
De algo que nem mais sei como é...ser real 
O que você vê quando só se escuta o som do ventilador agitando as cortinas?  O que você se diz quando vê o impossível? 
E o que você faz para ser algo além do "existir apenas"? 
Palavras, letras... 
Símbolos das paixões da alma 
Partidas nas linhas desta folha de papel 
Esquecidas no branco infinito de epifanias caladas 
Que assim como eu, serão diluídas no tempo homogêneo 
E uma vez mais não se saberá como é... 
Ser ainda maior 
Que a maior imensidão 
E no alvorecer de hoje 
Mais um momento se torna passado 
Mais um passado aleijado

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

amaldiçoo meus antepassados
eternos malditos
ou talvez homens-pássaro
que voaram e cativaram estrelas
que queimaram vivos a ponto de se tornar uma
cinzas de luz que caminham de volta 
lentamente rastejam para debaixo da terra
onde cravam a existência do amor na face da dor
por que não me instruístes as direções
porque morreram em vão ?
estou perdido 
perdido e caído nesse vão
e se não me ajudar a voar
quem me ajudará então ?

sábado, 25 de outubro de 2014

solidão
recíproca
realização
irônica
diretor de tragédias
seguidor da rotina
firmes rédias
coringa em agonia
sonhador na escola
sina em cega euforia
aderindo a escória
sentimental e calma
doce criança
poluída alma

terça-feira, 23 de setembro de 2014

se pensar é não sentir
e sentir não e pensar
se eu penso eu existo ?
pois se sentir é vivenciar
e pensar é teorizar
o que é viver ?
andar, cambalear
simplesmente passear
se pessoas são apenas pessoas
e as plantas deveriam apenas ficar lá
qual a diferença ?
o que é "quem" ?
como é ser alguém ?
apenas futilidade
se não planta o que semeia
colhes o que lhe resta
e o nada é imenso
e só...

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Cale-se !
não ouve ?
a trova amordaçada
a vate berrante calada por sua própria humanidade
seu corpo batente clamando o inexistente
chorando quieto banhando-se dessa calamidade
Não vê !!!?
não és nada !!
tua voz inaudita até por você
desista de cantar teu louvor
para que morrer ?
não há porque ser trovador
nascer para sofrer
feito para se despir
no deserto de ser
alguém lembra do homem anjo ?
é...
eternamente se esbanjando em seu passado
não serei assim !!

terça-feira, 1 de julho de 2014

Treuffar

não me lembro de ter acordado tantas vezes em um só segundo
parecia até aquela foto recém moldada
bem no fundo
atrás das fotos de família
e das fotos constrangedoras daquela infância cheia de penas
mas ela não estava nem empoeirada e nem esquecida
sabe ?
lá no fundo você vê o que você passou
e o que aconteceu até você chegar lá
naquela foto recém moldada
onde o universo se passava em um segundo
e todo dia você ia lá
descobrir sua vida, seu lar
o teto branco
caindo sob o armário espelhado
...
eu lembro da neve prateada
tocando-me os dedos
da implosão  movendo-se pelo sincero perímetro de seu dedicado sorriso
e enquanto as cortinas se abriam o próximo ato
seus olhos de infinito
...
como uma gota solitária abrindo seu caminho
espalhando em calmas ondas
sua suavidade profunda de fogo tempestoso
que olhos...
e ao chegar à costa solitária
essa areia ardente queima meus pés
sou um homem de seu mar
óh Eurídice
o sol descansa após o inferno
deixe-me te alcançar
seja de corpo ou de espectro
seja em vida
ou mesmo repetindo a rima... no inferno


clemência
eu peço...
uma licença "poética" à nós
simplesmente um tabu, blasfêmia artística talvez
nascemos e vivemos
alimentando nossos corações
no fundo todos nos achamos grandes
as vezes grandes de mais para esse mundo
escrevemos e pintamos
levamos ao cosmos e aos olhos famintos
as verdades sofridas e prazerosas do tato e visão
tocamos as magias da audição ilimitada de todos ou outros sentidos
e cantamos a felicidade de ouvir
besteria...
piada, cócegas de poeira
clamamos por o que é tão impossível quanto não voar
perdidos em um quarto sem saída
quatro paredes e uma porta
como é tão impossível sair de lá ?
na verdade...
contestamos o todo
exclamamos ofegantes
sem voz
porque somos tão pequenos
amordaçados berrando dor por clemência
perdidos se esbaldam de nossa existência

estou morrendo
solenemente desaparecendo
eu estou pronto ?